Sl 63 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O salmo 63 é um Salmo de oração, de Davi. Nele, ele, como perseguido pelo rei Saul e seu exército, melífluo e adulador, no geral, teve que viver escondido no deserto de Judá. Davi anseia estar no Santuário e ouvir a Palavra de Deus, mas é privado e impedido de fazê-lo, involuntariamente. E ele lamenta diante de Deus o mal gratuito que os saulitas lhe infundem e provocam. Pois eles o querem matar de tudo o que é modo possível e impossível, e isto, praticamente, sem trégua, por causa do ciúme de Saul. Davi fora, por vontade e promessa divinas, escolhido e feito rei em seu lugar. Saul escolhera agir e agiu sem amparo na Palavra e na fé. Davi, embora se glorie e console em Deus, o SENHOR, via Palavra e fé em Cristo, vivencia e padece, excruciantemente, no corpo, cruz e renúncia indizivelmente grandes.
O presente Salmo é orado por aquelas pessoas que, no presente, são tiranizadas e angustiadas em virtude do fato de que são privadas da Palavra de Deus, que promove a Cristo. Pois, embora muito se diga e fale, cá e lá: “Palavra de Deus, Palavra de Deus”, elas examinam a falta e/ou ausência dela ou mesmo estão na dúvida atribuladora na alma quanto ao local e onde ela, de fato, está presente e é colocada em curso na vida e viver da gente de coração temente a Deus e piedoso, pelo Espírito Santo, via ministério da pregação da fé, em sua acepção pura e exercício legítimo. E certifica, consolando, que filhos/as de Deus, apesar de, têm a Palavra e a fé presentes e em curso si. Por isso mesmo, não obstante, cantam jubilosos/as porque creem na Palavra e A amam, de verdade. E ansiosos/as, súplices, aguardam o fim do tempo opressivo que advém de Saul e dos saulitas, que se autoarrogam o direito de fazer guerra, guerrear, atentar contra a vida e viver de quem tem somente a Palavra como regra e norma de vida e fé.
O salmodiado pelo salmista é conclusivo: “A minha alma se apega a Ti.” A pergunta que se estabelece é: Como isto se dá? Resposta: a alma se apega a Deus por meio da Palavra e da Fé, no Espírito, quando alguém privado do ministério da Palavra, injustamente, não a pode ouvir, presencialmente. E só assim ele consegue suportar e padecer o mal gratuito, crendo no Cristo que haveria de ser feito nascer da geração circuncisa e crente, segundo a promessa divina. O salmista também diz e confessa, em palavras claras, notórias, rotundas: “a Tua destra me ampara.” O que significa isto? Por um lado, a presença viva e real de Deus que está presente com Davi, de modo libertador, ainda que à luz da razão e da inteligência se poderia ajuizar total desamparo. Por outra, o texto aponta para a fé no Cristo: o que redime e salva não só dos inimigos externos, mas, também, e, sobretudo, dos internos: pecado, carne, inferno, todo mal.
Em suma: apesar da angústia e tribulação incomuns, Deus, o SENHOR, é sempre presente, corpórea e integralmente, com a pessoa temente e de coração piedoso. A presença e ação dEle, via Palavra e fé, em contexto de privação do ministério da Palavra, não estão limitadas e nem circunscritas, quando o assunto é alimentar e dessedentar almas famintas e sedentas. Ninguém impõe limite e nem aprisiona Deus, que cumpre a Sua Palavra, integralmente, quer a pessoa o creia quer duvide. Não a fé e nem a descrença fazem com que a Palavra de Deus seja o que ela é: performativa, e cria do nada. E reduz a nada e destrona tudo, todas as coisas, toda gente que se autoeleva a deus e senhor. Não é ao ser humano que se deve ser temer, amar, e nem se deve confiar nele como se tivesse caducado a Palavra de Deus que promete à gente crente: “Eu sou o SENHOR teu Deus.” Não há quem Lhe seja igual. NEle pois crede sem tardar.
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