SALMOS

Sl 62 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo 62 é um Salmo de ensino. Nele se contrasta a falsa confiança que se concentra no ser humano, seus feitos, suas capacidades, suas artimanhas com a verdadeira: a que tem Deus como agente e autor, e nEle sossega, galardoado, de fé em fé. Há quem pensa que tem o necessário e o suficiente para a vida e a eternidade quando tem em seu favor poder, força, fama, prestígio, pessoas em exercício de autoridade que lhe podem prover benefícios segundo a carne e o sangue. Então ela tem bom ânimo e está bem disposta e tranquila quando tudo vai bem e se ela, ao seu juízo, se sente protegida pelo terrenal endeusado. E em tal condição se autoconcede, inclusive, o direito de julgar e injustiçar quem já está fragilizado e em precisão por amor de Cristo. O problema é que o ser humano autologrado por sua falsa fé e confiança autoinventada não atenta para o fato de que Deus é Deus. O consolo e a segurança na vida e no viver que têm o ser humano e seus feitos como centro é vaidade. Em suma: quanto ao povo da Fé vale e deve valer que é nosso dever confiar em Deus acima de tudo, de todas as coisas, de todas as pessoas. Mais. Tanto quanto estiver ao nosso alcance: não injustiçar e nem causar o mal, e isto a ninguém. Porque eles não subsistem e nem sequer têm a aprovação ou bênção da parte de Deus. Por mais angustiante e atribulador que sejam ou que possam vir a ser a ação de quem se levanta contra a pessoa que teme, ama e confia em Deus, o Vencedor é Ele.

O salmista, enquanto temente a Deus e de coração piedoso, não retruca pagando o mal com o mal. Ele deixa que a pessoa má, investida de autoridade ou não e quem são seus asseclas, minta, engane, engenhe, planeje, tente concretizar o mal e o mau. Eles que pensem e intuam o quanto queiram e possam. O que importa mesmo é ter Deus junto a si e em seu favor. Pois em melhor condição está quem confia nEle, cuja alma, por fé, descansa no Salvador vivo.

Davi era um homem valente e experiente no que é do agrado de Deus. Ademais foi provado e tentado na corte do rei Saul, que maquinou muitos truques malignos. Inclusive, maiorais haviam se deixado corromper por causa de dinheiro e honra, e todos depositavam seu consolo na graça do rei, e por seu amor faziam tudo o que ele queria, fosse contra Deus ou contra as pessoas. E em consequência disto, Davi teve que sofrer muitas traições terríveis por parte deles, porque eles viram que o próprio rei era seu inimigo e o queria matar, mesmo que fosse contra a Palavra e à fé. Assim como Herodes, para agradar os judeus, prendeu a Pedro e perseguiu os cristãos [Atos 12.3]. Aliás, ai do povo e nação se nos tribunais e órgãos de decisão, quando, por amor do dinheiro, bens, riqueza, vantagem, recompensa, em detrimento da pessoa humilde e pobre, apenas se faz e ajeita as ‘coisas’ de modo tal que a decisão e sentença venham em benefício e sejam do agrada dos ‘poderosos e senhores’ desse mundo hostil a Cristo. Certamente muito logro e má-fé se perpetra na ausência e/ou falta de temor de Deus. Pois gente de Belial, autoindulgente com o pecado, age e diz, com confiança – mesmo consciente do mal e pecaminoso: ‘Deus faça com que seja do seu agrado o que faço e me abençoe no que empreendo.’ E o melífluo é que a fé e a vida autojustificadas desta gente são tão encurvadas sobre si mesmos, que se autoabençoa como que a dizer: ‘Deus conceda e dê que os pobres ou os justos pereçam ou permaneçam no topo, contanto que apenas nós sejamos senhores e nos tornemos ricos e elevados e proeminentes na terra.’ Pessoas autoindulgentes com o pecado e os pecados se deixam corromper, facilmente. E para agravar a situação, de caso a caso, chegam ao cúmulo de despreza a Deus e a Sua Palavra, por tudo e por nada. E não se importam se sua vida e fé prejudicam e injustiçam pessoas. E para piorar, ainda assim, querem seja ajuizadas piedosas. Sim, esta gente, mesmo ou ainda que de modo puro e correto honrem a Palavra e toda a justiça, com as palavras, na prática, porém, já que os olhos estão voltados para o terreno e terrenal, se corrompem, sem escrúpulos.